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meia leca*

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Na sexta feira vi-te a arrastar o teu frágil e pequeno corpo para baixo de um carro. Espreitei, insisti (muito!), chamei ajuda e tirei-te lá de baixo.
Assustaste-te e mordeste-me o dedo como se não houvesse amanhã. Estavas suja, tão suja. Tinhas pulgas e feridas de arrastares as pernas pelo alcatrão. Tinhas muita fome e muita sede.
Levei-te ao veterinário, disse-me que não tinhas cura, que a coluna estava partida, que as tuas perninhas estavam mortas e que a solução era a eutanásia.
Olhei para o teu focinho bebé e não quis acreditar.
Trouxe-te ao colo.
Procurei outro veterinário. Disse-me que era um problema neurológico, não uma fractura. Causado por um atropelamento, de nascença, por uma queda, quem sabe...
Estamos a fazer uma tratamento, serei a tua enfermeira nas próximas duas semanas.
De cada vez que te espreito, tenho sempre a esperança de que já mexas as pernas, mas nada...
O veterinário não deu expectativas. A taxa de cura é pequena, muito pequena.
Mas olho para ti e continuo a não acreditar. És tão pequena, tão doce.
Sei que só nos conhecemos há 3 dias, que não sei nada de ti, como foste parar à rua ou se foi na rua que nasceste, mas a tua ternura já me enche o coração.
Vamos esperar pelo fim deste tratamento.
Entretanto, no dia 27 já temos consulta na faculdade de medicina veterinária com um especialista de neurologia.
Enquanto houver uma esperança não desistirei de ti meia leca*

nota: nunca conheci um gato (ou gata!) com a capacidade de ronronar tanto e tão alto:)

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